quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Márcio Braga tem razão

Levando em conta que o cameponato brasileiro termina dia 7 de dezembro, o Flamengo tem pouco mais de um mês para organizar a comemoração do título. É pouco tempo. Uma festa dessas proporções dá trabalho, exige atenção com cada pequeno detalhe, de forma que, como bem lembrou o presidente Márcio Braga, é bom o pessoal do cerimonial lá na Gávea já ir providenciando os preparativos.

Depois da retumbante goleada desta noite, contra o Coritiba, nem os rivais têm dúvidas de que o Flamengo chegará ao hexa. O time jogou com muita consciência e equilíbrio. Curioso, mas foi preciso voltar à formação usada por Papai Joel, com quatro volantes, para que o Flamengo voltasse a ter uma exibição segura. O velho mestre da prancheta sabia o que estava fazendo.

Jogando no mesmo posicionamento da temporada passada, Íbson reencontrou o futebol, essa foi a segunda melhor notícia da noite. A primeira não é bem uma notícia, é mais uma confirmação: Obina, de fato, é um craque. Com os dois jogadores voltando aos seus melhores dias e mais o Kléberson, o Toró, o Marcelinho Paraíba e os dois laterais, o Flamengo vai voar baixo nas últimas sete rodadas. Ninguém segura.

Mesmo porque os rivais estão dando sinais de que não agüentarão o tranco. O São Paulo, numa partida tão melancólica quanto o dilúvio que castigava o Morumbi, venceu o Vitória por magérrimos 2 a 1, com dois gols de bola parada e aproveitando falhas infantis da defesa baiana. O jogo do Grêmio eu não vi, mas, pelos melhores momentos, deu para perceber que o Sport não chegou ao empate por pouco. Ambos, Grêmio e São Paulo, perdem na próxima rodada.

E o Palmeiras e o Cruzeiro vão perder no sábado.

Apenas uma questão me inquieta no momento e talvez os leitores poderão opinar a respeito. Na festa do hexa, o Flamengo deve optar pelo tradicionalismo do samba, pela pegada do funk ou os dois?

Picos e vales

Torcer para o Flamengo é passar, de um dia para outro, da profunda tristeza para a euforia suprema. Não há meio termo. Veja o exemplo do Obina: ou é tratado como craque, ou como uma negação. Oscilar entre o céu e o inferno é a sina do clube.


Depois da derrota para o Atlético, dramática e aterradora, o título parecia impossível e a vaga na Libertadores uma linha fina no horizonte. Muito flamenguista já tinha desistido do campeonato. Ouvi um dizer: "agora é preparar o time para o ano que vem". O fim parecia ter chegado. Mas bastou ganhar do Vasco e ver a distância para o Grêmio cair a quatro pontos para a euforia voltar a tomar conta da torcida e do time.


Hoje, contra o Coritiba, o Flamengo joga seu futuro no campeonato. Se vencer, fica mais vivo do que nunca. Ainda mais porque Grêmio e São Paulo têm jogos difíceis e, mesmo jogando em casa, correm risco de perder pontos. Em caso de derrota, no entanto, o abatimento cai de vez sobre a equipe, e aí vai ser difícil recuperar. Tudo bem que no Flamengo do desânimo para o extâse é um pulo , mas a montanha-russa emocional tem limite.

O maior motivo para ganhar hoje: o Maracanã precisa continuar temido pelos adversários. Pelo bem da mística de que o Flamengo não perde com o apoio da torcida, urge dar uma surra no Coxa hoje, varrendo da memória as recentes patinadas em casa. E aí é só cuidar da festa do hexa, como bem lembrou nosso presidente.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Um Palmeiras e São Paulo para os anais

O clássico paulista de ontem foi um presente e tanto para quem gosta de futebol. Talvez a melhor partida disputada este ano no país. Todos os elementos que fazem um grande jogo foram contemplados: boas jogadas, emoção, rivalidade, expulsões, estádio cheio e evidentemente, gols. Muita gente acha que os jogos da Europa têm qualidade técnica superior aos disputados aqui. Isso nem sempre é verdade e o Palmeiras e São Paulo do domingo apresentou uma riqueza futebolística que é difícil encontrar até nas mais badaladas ligas do mundo.

Desde os primeiros minutos cada bola era disputada com uma disposição fora do comum, de ambos os lados. Não há duvida que nesta temporada a maior rivalidade no futebol paulista foi entre Palmeiras e São Paulo, muito graças às cotoveladas e ao gás no vestiário. Somando a tensão entre os rivais com o peso que a partida representava para a tabela de classificação, não era de surpreender que o jogo fosse, no mínimo, emocionante.

O pênalti para o São Paulo logo no início, falta ingênua do Léo Lima, foi determinante para o rumo que a partida tomou. Assustado com o gol, o Palmeiras passou a procurar deseperadamente o empate. Já o São Paulo, escolheu fechar-se na defesa para explorar o contra-ataque. Pensou pequeno o tricolor e esse foi seu maior erro. Não dá para, num clássico, o time recuar e passar a depender exclusivamente de contragolpe tão cedo, antes da metade do primeiro tempo. Isso traz o adversário pra cima, o jogo vira quase um ataque contra defesa. De tanto martelar o Palmeiras acabou conseguindo o empate, que era para ter vindo já no primeiro tempo, quando o travessão e Rogério Ceni impediram os gols de Alex Mineiro e Kléber, respectivamente. O empate no final do jogo foi um prêmio para o time que persistiu e um castigo para o que se dava por satisfeito.

No lado do Palmeiras, destaque para o Kléber, incansável e brigador, além de habilidoso. Tem vaga para ele na seleção. No São Paulo, me dói dizer, brilhou o Rogério, que além de ter feito gol impediu outros do adversário.

No duelo dos técnicos, o Vanderley se saiu melhor. Soube suprir a expulsão do seu melhor jogador e principal articulador de ataque, Diego Souza, sacrificando um dos três zagueiros para povoar o meio-campo, com a entrada de Evandro. Depois, no segundo tempo, deu ainda mais consistência para sua intermediária, substituindo Léo Lima por Pierre e liberando um pouco mais os laterais e os demais meio-campistas para chegar ao ataque. Por fim, colocou o Denílson enfiado, para abrir espaços. Isso sufocou o São Paulo. Muricy, por sua vez, errou ao trocar Hugo por Éder Luiz, porque enfraqueceu o meio-campo, que era onde o jogo estava se decidindo. O Éder é bom jogador, mas para o arremate, lá na frente. O que o São Paulo estava precisando no momento era de alguém para trocar passes, fazer a bola rodar, gastar o tempo.

Excelente partida, mau resultado para ambos os times. Faltando oito rodadas, não dá nem para dizer se um deles tem assegurada pelo menos a vaga na Libertadores. O São Paulo não é o bicho-papão dos anos anteriores. O Palmeiras não é a máquina que dava pinta de ser no início da temporada.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Erros de ontem

O Jô não deveria ter começado de titular. Aliás, não era nem para ser convocado.

O meio-campo com Josué, Gilberto Silva e Elano, além de medíocre, é covarde. Qualquer um que entenda o mínimo de futebol sabe que, com um trio desses, o Brasil não vai ter saída de bola com qualidade e nem chegada de elementos surpresa no ataque.

Quando o Mancini entrou, era para ter saído o Gilberto ou o Josué. Quando o Juan machucou, o certo seria ter colocado o Alex no lugar, recuando assim um dos volantes para a zaga. O Brasl não precisava de dois volantes de ofício no segundo tempo do jogo de ontem. O que estava faltando era ataque, não defesa.

Erram o Dunga e alguns comentaristas quando dizem que a seleção não ganha porque não tem raça. Suor é importante, mas não substitui a habilidade. Do que adianta um jogador extremamente voluntarioso que não sabe o que fazer com a bola no pé? E como cobrar velocidade de um time cujo meio-campo foi preparado para destruir e não para armar jogadas?

E, finalmente, o maior erro cometido na noite-madrugada de ontem: ter ficado acordado para assistir ao jogo da seleção.

O pesadelo não tem fim

Quando o Kaká fez o primeiro gol contra a Venezuela e correu para abraçar o Dunga cometeu um grande engano. Selar as pazes com o treinador não significa demonstrar apoio publicamente. Os jogadores não são ingênuos e sabem que grande parte da penúria pela qual passa a seleção é responsabilidade direta do técnico. É o Dunga que convoca mal, escala mal e treina mal o time. Kaká, talvez o mais lúcido e inteligente do elenco, sabe disso. Por que então o abraço?

Sempre que, no futebol, alguém quer se referir ao exemplo de jogador crítico e independente, lembra do Gérson. Dizem que ele costumava reunir o time depois da preleção do técnico para dar orientações do tipo "rapaziada, vamos fazer tudo diferente do que ele falou". Quanto tem de verdade nas histórias do Gérson é difícil medir. Mas a idéia que elas passam serve de inspiração para o atual momento da seleção. Se é evidente que o Dunga não tem a mínima condição de tocar o time, é preciso que um jogador, um líder, assuma o papel de chefe da equipe. Ou vai ficar olhando o barco afundar sem fazer nada?

É importante não confundir postura crítica com motim. Jogador não pode fazer corpo-mole para tentar derrubar técnico. Mas deve conversar com ele se acha que a equipe tem algum problema tático ou técnico. Não é falta de profissionalismo trocar idéias com o treinador buscando o melhor para o time. Pelo contrário, detectar falhas na equipe e não tentar nada para resolvê-las é omissão. E se o técnico, autoritário, não ouvir a opinião do elenco? Então o Gérson entra em ação.

O Kaká desponta a cada dia como o jogador mais capaz de discutir a seleção com o Dunga. Ele próprio já percebeu sua vocação para líder. Nota-se, nas entrevistas do meia, uma preocupação com o momento da equipe e uma vontade exemplar em ajudar a reverter o quadro. Tomara que ele assuma as rédeas. Só há esperança na seleção, a continuar sob o comando de Dunga, se os jogadores "insurgirem-se" contra as lambanças do técnico. Caso contrário, a desfiguração do time do Brasil e o distanciamento com a torcida vão continuar em franca evolução.

sábado, 11 de outubro de 2008

O importante é manter o metabolismo basal

Estou atolado em dor e não sei se algum dia consiguirei me recuperar. Minha maior preocupação no momento é ter forças para ao menos manter o corpo funcionando: respirar, comer e beber.

Dizem que depois da tempestade vem a bonança, mas nem todo mundo sobrevive à tormenta para gozar os bons dias. Estou entre os danados.

Passarei o resto da noite lendo Madame Bovary, a quem um confrade me apresentou recentemente, e, caso Ema encontre o amor, de repente me alivia um pouco o sofrimento.

Não se surpreenda se amanhã ou depois este blog mudar de nome para 'A Cortada', ou ainda, 'O Tapinha nos Companheiros no Meio da Quadra Após um Ponto".

domingo, 5 de outubro de 2008

Tudo na mesma

A rodada não serviu para alterar em nada a parte de cima da tabela. Palmeiras, Grêmio, Cruzeiro, Flamengo e São Paulo, os cinco primeiros respectivamente, continuam exatamente como estavam na semana passada. Fato novo porém é que o grupo dos ponteiros começa a se destacar definitivamente dos que vêm atrás, graças ao intervalo de cinco pontos abertos com relação ao Coritiba, o time mais próximo dos líderes. A essa altura fica difícil imaginar que o título não vá para um dos integrantes do quinteto. Ainda mais que Botafogo e Inter, dois postulantes a vôos mais altos, dão pinta de que não terão fôlego para sustentar uma escalada na tabela.

Ontem o Palmeiras não jogou bem, saiu atrás no placar e precisou de que o Galo tivesse um jogador expulso para só então virar o jogo. Galo que, diga-se de passagem, é muito fraco. O São Paulo tão pouco empolgou, mas jogou o suficiente para vencer o Ipatinga fora de casa. Os resultados das quatro da tarde jogaram um peso enorme nas costas do Flamengo, que entrava em campo às seis sabendo que todos os rivais diretos tinham conseguido os três pontos na rodada. O Flamengo não decepcionou e fez dois a zero no Náutico, nos Aflitos, contrariando os prognósticos de quem achava que, a exemplo da semana passada, quando empatou com o Palmeiras, os recifenses engrossariam também para o lado dos rubro-negros.

Depois desse jogo difícil, o Flamengo tem três rodadas seguidas no Maracanã e, das dez rodadas restantes, joga fora do Rio em apenas mais três ocasiões. Isso coloca o Flamengo favoritíssimo, e não acho que minha visão esteja sendo turvada pela paixão de torcedor.

Continuo na minha: Palmeiras ou Flamengo serão os campeões. Lá embaixo, apesar de toda a lambança que vêm fazendo, acho que Vasco e Fluminense não caem. Tem muito time pequeno que está se esforçando para salvar os cariocas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O Fluminense cava a própria cova

Cabeça de dirigente é um mistério. Todo mundo que acompanha o mínimo de futebol sabe que a troca do Cuca pelo Renê Simões não vai ajudar em nada o Fluminense, isso se não for atrapalhar, o que é bem mais provável.

Qual foi o grande trabalho do Renê à frente de um clube grande? O Fluminense, que nem tem um time tão ruim assim, está seguindo à risca a cartilha do rebaixamento. A mudança sucessiva de treinadores é um dos sintomas mais clássicos da equipe que se esforça para cair. Às vezes a ida para a segunda divisão acontece não devido à deficiências técnicas, mas graças a uma série de atitudes precipitadas tomadas por quem dirige o clube.

Uma vez na série B, no entanto, o Fluminense vai quitar uma dívida de honra com o futebol brasileiro, já que, na prática, subiu direto da terceira divisão para a primeira. O rebaixamento teria o mérito de conciliar o tricolor com a sua própria históra.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O leão e a raposa

Poderia ser mais uma do La Fontaine, mas não é fábula, é futebol. Cruzeiro e Sport fazem daqui a pouco o jogo mais esperado do meio de semana. É o encontro da raposa e do leão. O resultado da partida influencia diretamente a parte de cima da tabela. Se os mineiros perderem pontos em casa, começarão a ver suas pretensões de título e até mesmo de chegar à Libertadores seriamente ameaçadas. O pessoal que vem atrás na tabela não perdoa escorregões.

Tem muita gente dizendo que o Sport é, dos times de menor tradição, aquele que mais incomoda os grandes, mesmo quando joga fora de casa. Eu acho que esse é só mais um daqueles mitos do futebol que de tanto serem repetidos acabam aceitos como verdades absolutas. O que eu tenho visto do Sport é um time regular, nem bom, nem ruim. Plenamente condizente com o 11º lugar que ele ocupa na tabela. Só porque cansou de humilhar o Palmeiras nesta temporada não significa que tenha por hábito "beliscar os favoritos". Contra o Flamengo, por sinal, a postura do Sport foi de time pequeno e covarde, que ficou o jogo inteiro com os dez jogadores na defesa, apostando num gol de bola parada que aparecesse. Até conseguiu marcar num escanteio. Mas no final foi punido por atuar tão recuado, chamando o adversário para cima.

Por isso o Cruzeiro, mesmo alternando seus bons e maus momentos, e ainda por cima desfalcado do Wágner - um dos melhores meias do campeonato - é favorito para sair vitorioso do jogo de daqui a pouco.

O que não significa que eu não esteja torcendo desesperadamente pelo rubro-negro de Recife. O legal desse campeonato de pontos corridos é que além dos jogos do seu time, os dos concorrentes também ficam bastante interessantes, porque te envolvem indiretamente. Já que falei de fábula, não seria nada mal se a história de hoje tivesse o seguinte desfecho: a raposa, confiante de que sua esperteza e agilidade bastavam para sobrepujar o leão, tão lento e desengonçado, não percebeu que enquanto perdia tempo já contando a vitória como certa, seu inimigo ia laboriosamente preparando o golpe derradeiro. Quando deu por si, a pobre raposa já não tinha mais possibilidade de escapatória.

Um rossonero ressurge

Acabei de ver o jogo Milan x Zurique, pela copa da UEFA. O time do Milan, também nesta temporada, chama a atenção pela elevada média de idade dos jogadores. Mas, ao contrário dos anteriores, o atual elenco tem qualidade técnica. Isso porque Shevchenko e Ronaldinho, se não são mais jogadores no auge da forma, ainda oferecem mais ao futebol do que um Inzaghi ou um Ronaldo, por exemplo. Além disso, há uns bons jovens ali no Milan, como o Flamini. E uma promessa de craque, que é o Pato.

No jogo de hoje, na Suíça, Kaká começou no banco, poupado. O primeiro tempo não foi dos mais emocionantes, mas serviu para ver algumas tentativas de jogadas entre o trio ofensivo, formado por Ronaldinho, Shevchenko e Seedorf. O Seedorf, aliás, é um desses que contribui para a média de idade do time. Só que não perde a categoria, pelo contrário, parece que se aprimora a cada dia. Dizem que ele quer se aposentar no Flamengo. Eu acredito.

Quando o Kaká entrou, já na segunda metade da partida, o Milan naturalmente ganhou criatividade e começou a atacar com mais perigo. Até sair o gol, num cirúrgico toque por cobertura do Ronaldinho que deixou o Shevchenko na cara do gol para marcar. Aí me lembrei dos bons tempos de 2003, quando eu, então um secundarista em eternas férias (mesmo durante o período de aulas), comecei a assistir futebol internacional. Naquela época eu torcia para o Milan, porque o Kaká tinha acabado de se transferir para lá. Por tabela, acabei me afeiçoando a outros jogadores também, principalmente o Gatuso, o Seedorf, o Maldini e o Shevchenko. Passei boas tardes de quarta-feira tomando coca gelada e vendo o Milan na Champion´s League, achando uma maravilha aquele torneio que reunia tanto jogador famoso, lotava os estádios e era anunciado com a musiquinha clássica "the champions...." junto com a propaganda da Amstel (na época ainda não era a Heinekken a patrocinadora oficial).

O Shevchenko era um dos melhores centroavantes de então, seguramente figurava em qualquer lista top 3. Muito veloz e com uma finalização seca e forte, sem muita beleza, mas com elegância. Não tinha conversa com ele dentro da área. Vê-lo fazendo gol hoje novamente com a camisa do Milan e o próprio fato de eu ter, exepcionalmente, passado uma tarde de folga, me levou de volta a cinco anos atrás. Talvez por isso tenha me dado vontade de torcer com a antiga paixão para o rubro-negro de Milão. Na temporada 2008/2009 volto a ser um rossonero.