segunda-feira, 17 de março de 2008

Um bom domingo, por que não?

Me diverti como um menino com a solapante derrota do São Paulo.

Vejam bem, não é nada pessoal, até tenho amigos tricolores, mas é que o time do Morumbi, com sua gestão de primeiro mundo, é um terrível exemplo para os outros clubes.

Lamentavelmente os três pênaltis realmente existiram. Muito mais prazeroso teria sido se o juiz os tivesse inventado. Fica para a próxima.

Fiquei satisfeito também com o resultado no Rio de Janeiro. Na minha qualidade de flamenguista era de se pensar que hoje estivesse chorando a derrota. Chorar não é bem a especialidade dos rubro-negros, ainda que o mesmo não se possa afirmar de outras torcidas espalhadas por aí. Em verdade, foi muito bonito ver a atuação do time reserva do Flamengo dar aquele trabalho todo para o Botafogo. No final das contas os 3 a 2 fizeram bem para a rivalidade crescente entre os dois times. E, quando a partida for mesmo para valer, a relação de forças deve voltar à configuração habitual.

O gato brinca com a presa antes de engoli-la.

Até quarta-feira, amigos, quando o mundo do futebol nos deverá brindar com mais alegrias e agradáveis surpresas.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Foi desagradável enquanto durou

Depois de longos 3 anos, enfim acabou a supremacia do São Paulo no futebol brasileiro. Era natural que acontecesse, porque as coisas, irrevogavelmente, um dia chegam ao fim. A lamentar, apenas o fato de ter demorado tanto.

E que nunca mais ouçamos "os clubes deveriam aprender um pouco de organização com o São Paulo, esse gigante da gestão responsável, da vanguarda, da seriedade." Oxalá os times bagunçados e atrasadores de salários voltem a ser campeões.

E quem estaria mais apto a ocupar o trono deixado pelo tricolor? Um clube do Rio, paulista, quem sabe um novo e surpreendente São Caetano? Ou será que se aproximam dias de equilíbrio entre as potências?

O que me leva a proclamar assim de chofre as exéquias do São Paulo - talvez precipitadas para muitos - é o jogo deste domingo, contra o Palmeiras. Qualquer que fosse o adversário, talvez o time de Muricy agüentasse mais algumas semanas no Olimpo. Talvez o processo de decadência galopante pudesse ser ao menos suavizado. Mas, contra o Palmeiras, não.

Porque ninguém mais, no atual momento do campeonato paulista, tem a capacidade de aplicar no São Paulo a surra com a qual o Palmeiras certamente nos brindará. E para um time que já começa a duvidar do próprio potencial, cheio de jogadores que, longe de conferir estabilidade, tumultuam o ambiente ao menor sinal de problemas no campo, ser humilhado por um rival significa, sem qualquer atenuante, o fundo do poço - moral e técnico.

Ou eu poderia simplesmente dizer que Adriano apresentou diarréia neste sexta-feira, de acordo com os jornais. E esse único fato, para qualquer um dotado de senso poético, é instrumental - não confundam com estrumental - suficientemente substancioso para vaticinar as agruras que esperam o São Paulo nos próximos dias.

Anotem: Muricy cai antes do crepúsculo de inverno. Adriano, ao fim do contrato, volta para a Europa, só que para a parte primo pobre do continente - aposto Galatasaray. Rogério Ceni mostrará o frangueiro que sempre foi e até a imprensa bajuladora reconhecerá as limitações dele.

E a torcida, enfim, vai ter motivos de sobra para fazer o que sempre fez com maestria: comparecer em número ridículo ao Morumbi.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Pela graça no futebol

A celeuma criada em torno da comemoração do Souza é mais um irritante capítulo da ditadura do politicamente correto que toma conta do Brasil.

Por falta de criatividade, coragem ou inteligência, as pessoas preferem adotar posturas e opiniões que não firam o lugar-comum. Quando alguém tenta ir além da pasmaceira, é porque está sendo “polêmico”.

Desde que não haja ofensas, baixaria ou violência, não vejo problema algum em suscitar polêmica. Ainda mais no futebol, que é, sobretudo, um espetáculo de entretenimento - e não uma assembléia de lordes, como alguns jogadores, técnicos e dirigentes parecem estar convencidos.

A provocação do Souza é daqueles temperos que fazem do futebol mais que um esporte. Tenho certeza que, a partir de agora, milhões de peladeiros Brasil afora vão levar as mão aos olhos e simular um choro copioso quando marcarem seu gols. O próprio Valdivia já incorporou a comemoração ao seu repertório. Isso sem falar nas inúmeras discussões que o gesto tem rendido desde a última quarta-feira. O Souza prestou uma valiosa contribuição para o vasto e singular folclore do futebol brasileiro.

Atribuo ainda outro mérito para o polêmico camisa nove rubro-negro. Ele está ajudando a resgatar um elemento fundamental para a emoção no futebol: a raiva pelo adversário. Até outro dia mesmo, eu, que sou flamenguista, não via muita graça em ganhar do Botafogo, porque tinha pena do Cuca e de seus comandados. A rotina de desilusões alvinegras despertava minha compaixão. Tanto que eu achava mais divertido enfrentar o Fluminense na final da Taça Guanabara. Agora, espezinhados pela irreverência do Souza, os profissionais de General Severiano finalmente começaram a dar declarações capazes de reacender a rivalidade. A ponto de que as duas torcidas, a crônica esportiva e mesmo os jogadores esperam ansiosos pelo próximo clássico entre Flamengo e Botafogo.

Caso os ânimos acirrados redundem em violência no campo e nas arquibancadas, seria um erro atribuir a responsabilidade ao Souza. As pessoas que sabem tirar um sarro sem ofender não podem pagar pela ignorância daquelas que, desprovidas de recursos mentais mais sofisticados, respondem à qualquer ato de irreverência apelando para a brutalidade