segunda-feira, 27 de abril de 2009

Virou bagunça, mas está legal

Com o golaço do Ronaldo no jogo de ontem contra o Santos, fica sacramentada de vez a bagunça no atual futebol brasileiro. Fora do campo ela já imperava há tempos. Agora grassa também no gramado.

Não pode ser sério um campeonato em que um sujeito com aquela exacerbação física faça os gols que fez. Já foi difícil de engolir quando Ronaldo marcou de cabeça contra o Palmeiras, logo ele que nunca foi de cabecear. Depois veio aquela arrancada do meio do campo, em que o pesado atacante deixou o zagueiro do São Paulo, Rodrigo, comendo poeira, e ainda chegou antes do goleiro para dar um toque sutil para as redes. Ali o surreal já tinha se estabelecido. Mas aí veio o dito gol contra o Santos. Um absurdo total.

Quer dizer, a gente achava que o futebol praticado no Brasil tinha um certo nível, uma certa qualidade, mas fica provado o contrário. É várzea mesmo, das grossas. Se Ronaldo procurava um lugar para voltar a se divertir jogando bola, fez a opção certa. Só falta o churrascão na beira do campo.

Longe de mim reclamar de tudo isso. Quanto mais longe do alto rendimento e do profissionalismo estiver nosso futebol, melhor. Bonito é o folclore, é a paixão do torcedor. Qualidade técnica, se tiver, é bem-vinda, mas não essencial.

Por isso, eu, que não gosto do Ronaldo, estou começando a ficar fã. O futebol no Brasil vem passando por um momento meio chato, em que foi infectado pela busca da eficiência, dos resultados, pela mentalidade dos gerentões modernos. Gente séria e sem-graça. O Ronaldo apresenta um caminho alternativo: propaganda de cerveja, badalação, descaso com o preparo físico e gols no fim de semana.

Coisas assim fazem a gente rir do futebol. Atletas certinhos e times impecáveis, como querem os paladinos da eficiência, não arrancam risadas do público, no máximo aplausos. E aí viraria campeonato alemão. Ou então, tênis.