quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Índiossincrasias

Em homenagem ao julgamento da Raposa/Serra do Sol, relembro aqui reservas que dão certo:

- Obina. Muito melhor no decorrer do jogo do que começando de titular. E quando entra no segundo tempo é quase certeza de gol. É um dos melhores reservas da atualidade.

- Denílson. Nada melhor do que aquelas pedaladas para incendiar os últimos quinze minutos de jogo. Ainda mais se o Palmeiras estiver ganhando. Pra cima deles!

- Aloísio. Ele resolve.

- Gil. Ali, na ponta esquerda, com o zagueirão já cansado...

- Thiago Neves, na seleção. Chuta de fora, faz tabela, dribla , bate falta. Dá injeção de ânimo no time. Ideal quando se tenta viradas improváveis nos últimos vinte minutos.

- Tartá. Pode parecer só mais um marrentinho carioca. Mas o treinador, com ele no banco, tem uma senhora carta guardada na manga.

- Inzaghi. De algum jeito a bola bate nele e o que seria um empatezinho frustante vira vitória heróica.

- E o maior reserva de todos: Roger, goleiro recém-aposentado. Ninguém conheceu como ele as quatro linhas - do banco.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Tomara que caia

Talvez a Olimpíada tenha rendido uma conquista à seleção brasileira muito maior do que a medalha de ouro: a saída do Dunga. Foram necessários dois anos de penúria para que finalmente a demissão do técnico virasse uma possibilidade concreta. Não precisava ter sido assim. A humilhante derrota de hoje poderia ter sido evitada. Dunga nunca deveria ter sentado no banco da seleção.

Agora, o pior dos cenários. Já imaginaram se o Brasil ganha a medalha de bronze e sobe no pódio olímpico com a Argentina ocupando o posto mais alto? E ter que ouvir o hino nacional dos hermanos! E o Riquelme abraçado com a bandeira! E o Mascherano! Perder da Bégica é o que de mais sábio pode ser feito no momento. Acelera a queda do Dunga e evita maiores constrangimentos na hora da premiação.

Para não dizer que eu não avisei: por que colocar o Pato só na hora que a partida apertou? Se o Sóbis não servia para ajudar a virar o placar, certamente não era o mais indicado também para começar o jogo.

Pensando racionalmente, a derrota foi boa. Principalmente para o futebol, como instituição. A Argentina tem que ganhar de vez em quando do Brasil, por mais que nos doa. Faz bem para a rivalidade. E, especialmente, serve para mostrar que jogar para frente não é uma atitude tão atrasada assim.

sábado, 16 de agosto de 2008

Dúvidas olímpicas

De quatro em quatro anos sou acossado pela mesma espécie de enigmas, esta semana tão instigantes que não têm me deixado dormir em paz. Ó gregos, só vocês devem ter as respostas!

- Por que os jogadores de vôlei a cada ponto vão se abraçar no meio da quadra? E por que alguns aproveitam esse momento para aplicar tapinhas em locais pouco convencionais do companheiro?

- Por que quem nunca assiste a esporte de repente aparece como um profundo conhecedor do assunto, versando de nado sincronizado a badmington?

- Por que as mães e as tias gostam tanto de Ginástica Olímpica?

- Por que sempre tem uma brasileira que cai da trave? E por que as chinesas nunca caem?

- Quem está dopado? Quem não está?

- Deveriam criar uma categoria só para a Ednanci?

- Quão melhor seria o mundo sem o futebol feminino?

- Cadê o Baloubet du Rue?

- O nome da goleira da seleção brasileira de handebol é aquele mesmo?

- Por que não te calas, Galvão?

- Por que todo brasileiro que ganha medalha teve uma vida sofrida e o que não ganha amarelou ou foi prejudicado pela arbitragem?

- Como é que nenhum jogador nunca desceu a mão no Bernardinho?

- Onde é que os russos do volêi de praia treinam? Na Sibéria?

- Que diabos significa carpado?

- Quantas vezes os repórteres vão usar a expressão ´espírito olímpico`?

E, finalmente:

- Alguém ainda cai nessa de que o importante é competir?

Dunga e a força da natureza

Contra todo o pensamento, contra toda a razão, contra toda a evolução da mente humana ao longo dos últimos séculos existe o Dunga, um neandertal, uma força bruta da natureza. Ele, que ao que tudo indica, não pensa, simplesmente age, movido pelos mais profundos instintos humanos, a exemplo de nossos longínquos antepassados.

O Dunga jogador era assim: se farejava a bola, dava carrinho; se tomava um soco, retribuía; se era contrariado, então aplicava uma cabeçada, como os bodes (lembram do episódio na Copa da França em que Dunga apresentou os argumentos de sua testa à de Bebeto?). O Dunga treinador não poderia ser diferente, porque afinal se trata da mesma pessoa. Como agora ele não está no campo de jogo, mas à beira dele, ao invés de manifestar sua selvageria através do contato físico, o faz por meio de declarações, modo como arma o time e alterações que faz durante a partida.

Hoje, contra Camarões, a costumeira primitividade de Dunga estava lá. Por que Sóbis e não Pato? E depois, quando tudo ia bastante mal, por que Jô e não Pato? Dunga implica com o talento, isso é típico dos seres embrutecidos. Pato foi substituído em todas as partidas da Olimpíada. O titular de hoje foi Sóbis, que não fez absolutamente nada até os dez minutos da prorrogação, quando estava prestes a ser substituído. Por que Dunga teve com Sóbis a paciência que não teve com o Pato? Em que aspecto do jogo Sóbis pode ser considerado melhor que o Pato? Dunga provavelmente não tem respostas a essas perguntas. Vai preferir dar uma cabeçada no microfone.

Mas o Brasil ganhou e avança para as semifinais dos Jogos, Dunga ganha sobrevida no cargo e, mundo estranho, corre sério risco de ganhar a inédita medalha de ouro para o Brasil. O que para mim só prova o seguinte: a natureza é muito poderosa. De nada adianta a razão, o pensamento sofisticado, o estudo, quando as forças elementares do universo, presentes tanto no jumento empacado como na fúria da tempestade, resolvem se manifestar.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Agora vai

Às vezes fico impressionado com a inteligência deste ícone social que é o torcedor de futebol. Não falo de qualquer torcedor, o sujeito comum que vibra com seu time, xinga o juiz e eventualmente quebra uma televisão depois do jogo de domingo. Não. Me refiro ao torcedor profissional, que é alguém muito mais ligado ao esporte. O torcedor profissional, por exemplo, encontra espaço na rotina atribulada do dia-a-dia para, numa terça-feira de manhã, protestar contra a má-fase do time durante o treino.

É a capacidade intelectual dessa classe que de vez em quando me embasbaca.

Hoje resolveram atirar um bomba no coletivo do Flamengo. É que o time não ganha a seis rodadas. Na certa pensaram: "só uma bomba resolve, vamos lá dar essa força". Deu certo no Japão, que precisou de Hiroshima e Nagasaki para se reerguer. Provavelmente, funcionaria também no Flamengo.

Sabem o que é mais triste nisso tudo? Esses mesmos mestres da pólvora são os que comandam as coreografias, as faixas e as luzes nas arquibancadas, que fazem da torcida do Flamengo uma das mais bonitas do futebol. Um Maracanã cheio de rubro-negros pode levar o sujeito às lágrimas. Mas é claro que torcedores profissionas não se satisfariam só com o espetáculo. Eles têm a necessidade de barbarizar também.

Um dos principais fatores responsáveis pela queda de produção do time tem sido a evasão de jogadores para mercados estrangeiros como, por exemplo, o Oriente Médio. Região que, aliás, ganhou reputação pelos incidentes explosivos. Nesse pormenor, pelo menos, a Gávea já não fica mais devendo.

domingo, 3 de agosto de 2008

O São Paulo de sempre; Botafogo, como nunca

O São Paulo foi a eficiência de sempre hoje contra o Vasco. Bateu em bêbado? É verdade, mas o fez com garbo. O triste da ascenção tricolor é que já estava anunciada desde o início do campeonato. Pelos lados do Morumbi eles têm a fórmula da vitória. Nem a ausência do Hernanes atrapalha. Danação!

E o Botafogo com o Ney Franco está recuperando o tempo que perdeu sob a batuta do Geninho. Aliás, Geninho é isso: perder tempo. Mais cedo ou mais você terá que demiti-lo, porque os resultados não virão. Surpreende que em tão pouco tempo o time já esteja reagindo. Será o Botafogo deste ano o que o Flamengo foi em 2007, o detentor da grande arrancada? Conseguirá livrar-se do estigma de eterno azarado? Tomara que não. Além do que, Ney Franco tem um séria deficiência: não sabe armar defesas. Seus times são ousados do meio para frente e vulneráveis na parte de trás. É o que chamariam, na doce linguagem do mar, "popa de menos".

Não rebaixar: uma esperança

Eu já sabia, só não queria acreditar. No Flamengo a glória anda lado a lado com a tragédia. O que num dia é alegria pode, sem maiores avisos, virar lamentação. Vida que segue.

Ano passado a reviravolta na vida do Mengo começou depois do Pan-americano. Quem sabe as Olímpiadas de Pequim não cumpram a mesma função? É certo que no período olímpico o Brasileirão dá uma esfriada e depois ressurge apresentando surpresas. Torçamos.

Não é possível que o Grêmio ainda seja o líder!

Veio em boa hora, falo como telespectador e torcedor, desviar a atenção um pouco do futebol. 2008 já acumula algumas decepções desagradáveis demais. O espírito olímpico vai servir para arejar a cabeça, esquecer dos Jaíltons, Cristians e Obinas que nos tem assombrado. Quando estréia a Dayane dos Santos mesmo?