sábado, 16 de agosto de 2008

Dunga e a força da natureza

Contra todo o pensamento, contra toda a razão, contra toda a evolução da mente humana ao longo dos últimos séculos existe o Dunga, um neandertal, uma força bruta da natureza. Ele, que ao que tudo indica, não pensa, simplesmente age, movido pelos mais profundos instintos humanos, a exemplo de nossos longínquos antepassados.

O Dunga jogador era assim: se farejava a bola, dava carrinho; se tomava um soco, retribuía; se era contrariado, então aplicava uma cabeçada, como os bodes (lembram do episódio na Copa da França em que Dunga apresentou os argumentos de sua testa à de Bebeto?). O Dunga treinador não poderia ser diferente, porque afinal se trata da mesma pessoa. Como agora ele não está no campo de jogo, mas à beira dele, ao invés de manifestar sua selvageria através do contato físico, o faz por meio de declarações, modo como arma o time e alterações que faz durante a partida.

Hoje, contra Camarões, a costumeira primitividade de Dunga estava lá. Por que Sóbis e não Pato? E depois, quando tudo ia bastante mal, por que Jô e não Pato? Dunga implica com o talento, isso é típico dos seres embrutecidos. Pato foi substituído em todas as partidas da Olimpíada. O titular de hoje foi Sóbis, que não fez absolutamente nada até os dez minutos da prorrogação, quando estava prestes a ser substituído. Por que Dunga teve com Sóbis a paciência que não teve com o Pato? Em que aspecto do jogo Sóbis pode ser considerado melhor que o Pato? Dunga provavelmente não tem respostas a essas perguntas. Vai preferir dar uma cabeçada no microfone.

Mas o Brasil ganhou e avança para as semifinais dos Jogos, Dunga ganha sobrevida no cargo e, mundo estranho, corre sério risco de ganhar a inédita medalha de ouro para o Brasil. O que para mim só prova o seguinte: a natureza é muito poderosa. De nada adianta a razão, o pensamento sofisticado, o estudo, quando as forças elementares do universo, presentes tanto no jumento empacado como na fúria da tempestade, resolvem se manifestar.

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