segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Comentaristas ou leitores de tabelas?

Os comentaristas de futebol no Brasil não conseguem enxergar nada além do superficial. Aquilo que não saltar aos olhos na forma expressa de números, resultados de partidas e retrospecto das equipes escapa à análise desses profissionais. Por isso teceram tantas análises nas últimas semanas dando conta de que o Grêmio estava quase com a mão na taça e que, no máximo, seria alcançado pelo Palmeiras.

Nossos comentaristas são meros descritores de tabelas. Eles olham a classificação, vêem o Grêmio cinco pontos à frente do segundo colocado e afirmam: vai ser difícil segurar o tricolor gaúcho. Se tivessem prestado atenção aos jogos do Grêmio, perceberiam que, apesar das seguidas vitórias, o time é fraco. Ou pelo menos mais fraco que uns cinco concorrentes diretos ao título. Mas os analistas de futebol acham que a leitura do esporte se limita à perscrutar números.

Na hora de apontar o favorito ao campeonato, eles se esquecem, ou não têm capacidade, de levar em conta algumas outras importantes variáveis: o potencial técnico das equipes, mesmo que esse potencial ainda não tenha se traduzido em resultados; as virtudes e defeitos dos treinadores de cada time; a força ou a apatia da torcida quando se joga em casa; o comprometimento dos jogadores; a tabela que cada time terá pela frente até o final etc.

Por conta de tudo isso posto acima, eu sempre disse que o Grêmio não será o campeão. Não chega nem entre os quatro da Libertadores. Friamente raciocinando, o favorito é o Palmeiras. Mas também, talvez aí minha visão esteja um pouco turvada pelo fanatismo de torcedor, não descarto o hexa do Flamengo.

Caso eu fizesse essas previsões na TV, certamente iriam considerá-las sandices. "Olha a classificação!" "São sete pontos de diferença!" Talvez seja intransigência minha. Mas desconfio que, no futebol, a verdade transcende a lógica matemática.

Nenhum comentário: