quarta-feira, 25 de junho de 2008

O mito de araque

Felipão, já faz um tempo, entrou para o hall dos intocáveis da nação. Nada arranha, nem suja, tão pouco ofusca sua imagem. Scolari resiste até mesmo à realidade dos fatos, nem sempre favoráveis a ele.

Nesses tempos de crise na seleção o nome do treinador é praticamente uma unanimidade. Ninguém lembra que, sob o seu comando, o time do Brasil passou pelos seus momentos mais deploráveis, dos quais a histórica derrota para Honduras é o apogeu. E mais, ninguém lembra que a seleção jogava muito mal na época que teve Felipão à frente, tão mal ou pior do que se apresenta atualmente. Puxem pela memória, companheiros. Relembrem o sufoco que foi o período entre julho de 2001 e junho de 2002.

Na própria Copa da Ásia a seleção ficou aquém do bom futebol. Foi campeã mais por mérito dos três erres (Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho) e pela fragilidade dos adversários do que pelo trabalho do treinador. Reclamamos da retranca do Dunga? Olha como o Felipão escalou o time no primeiro jogo do Mundial de 2002: Marcos; Cafú; Lúcio, Roque Jr. e Edmílson; Roberto Carlos; Gilberto Silva; Juninho Paulista; Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo. Meio-campo? Inexistia. Foi por isso que o Brasil só ganhou na estréia, da Turquia, porque o árbitro viu um pênalti a nosso favor e só não foi desclassificado contra a Bélgica porque um pênalti contra a gente não foi marcado.

Felipão ganhou a Copa. Mas nem por isso é um técnico acima de qualquer suspeita. O fato de ser uma figura simpática e querida do povo brasileiro não anula suas deficiências como treinador, e que são muitas.

Felipão anunciou, no decurso da Eurocopa, que estava contratado pelo Chelsea. Deu a declaração dias antes de Portugal, seu time até então, ser eliminado nas oitavas da competição européia. Se caso similar tivesse acontecido com um treinador da seleção brasileira, a imprensa daqui não perdoaria, fulminando frases como "ele já estava com a cabeça no campeonato inglês" ou "ficou fascinado com o dinheiro que vai receber". Como tudo isso sucedeu com Felipão, e na seleção portuguesa, ninguém disse nada. Eu nem acho que a atitude dele seja condenável, mas esse episódio dá a real idéia de que como as pessoas estão eternamente predispostas a construir uma imagem idealizada do Felipão.

Minha eterna batalha é contra os mitos que não justificam a idolatria que lhe devotam. Eu queria o Felipão para meu tio, professor ou vizinho. Jamais para treinar meu time.

Um comentário:

Guilherme Sousa Rocha disse...

E quem você gostaria de ver à frente do escrete?

Não vale responder o Papai Joel.

Meu preferido é o Paulo Autuori, depois o Luxemburgo.