segunda-feira, 9 de março de 2009

O alambrado

Faz um tempo que eu não simpatizo com o Ronaldo, o Fenômeno. Precisamente desde 2003, quando, na minha opinião, ele começou a atrapalhar a seleção brasileira. Já ali tinha se tornado um jogador fora de forma e descompromissado com a própria carreira. Mas mesmo assim permanecia intocável no ataque do time. E o Luís Fabiano, que comia a bola na época, esquecido na reserva. Ronaldo sempre foi protegido da imprensa e dos dirigentes.

Estou longe de achar o Ronaldo um mito do futebol, que é como ele vai entrar para a história. É o típico caso do jogador que tem muito mais marketing do que competência. O que não significa que tenha sido mau centroavante, pelo contrário. Foi acima da média em certos momentos de sua carreira, principalmente nos anos de 96, 97 e 98. Mas nunca teve a genialidade de outros colegas de posição, contemporâneos dele, como o Romário e o Henry. Além disso, o Rivaldo foi mais importante na conquista de 2002 - outro ponto em que a história fará injustiça.

Antipatias à parte, gostei do gol que ele fez contra o Palmeiras. Gostei principalmente da comemoração e da derrubada do alambrado. Quando uma cena dessas aconteceria nos estádios europeus? Ronaldo mostrou que está disposto a, enfim, relaxar jogando futebol. Divertir-se como um garoto na pelada. Desde muito cedo na carreira ele foi cobrado por resultados e por um desempenho sempre impecável. Na copa de 98, por exemplo, não era mais que um adolescente e tinha um país todo pra carregar nas costas. Parece que agora o Ronaldo quer brincar com o esporte. Escolheu o Brasil para essa nova e última fase da carreira.

Sinceramente, se ele conseguir trazer para os jogos o mesmo espírito lúdico que despertou ao comemorar o gol no alambrado, com se estivesse na várzea, ou nos românticos tempos do cachorro com lingüiça, como diria o Felipão, terá dado talvez a sua maior contribuição para a história do nosso futebol. Ronaldo, ainda que involuntariamente, pode reatar o futebol brasileiro com suas raízes: pouco profissionalismo, muita descontração. Torçamos por ele.

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